Atraso da AstraZeneca obriga a "recalendarizações", mas não compromete objetivo de vacinação - TVI

Atraso da AstraZeneca obriga a "recalendarizações", mas não compromete objetivo de vacinação

Portugal traçou o objetivo de ter 70% da população adulta vacinada até ao fim do verão

O ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu esta quarta-feira que o atraso na entrega de parte das vacinas contratadas pela União Europeia à farmacêutica AstraZeneca pode levar a "recalendarizações" no processo de vacinação.

Apesar disso, Augusto Santos Silva garante que o percalço não compromete o objetivo traçado, que aponta para a imunidade de grupo no final do verão.

O conjunto de doses contratualizadas com a União Europeia excede em várias vezes o número de 450 milhões de residentes na Europa", explicou, lembrando que algumas das vacinas são administradas com recurso a duas doses.

Augusto Santos Silva refere uma "margem de segurança" que acompanha o processo, frisando que o "cronograma" da vacinação será ajustado consoante os atrasos na entrega de vacinas por parte das farmacêuticas.

A farmacêutica AstraZeneca vai enviar menos de metade das vacinas contra a covid-19 contratualizadas com a União Europeia para o segundo trimestre de 2021. 

Segundo noticia a Reuters, que cita um responsável da UE que pediu anonimato, este corte no número de vacinas pode comprometer o objetivo dos 27 Estados-membros de vacinar 70% da população adulta até ao verão.

O funcionário, que está diretamente envolvido nas negociações com a farmacêutica, adiantou que a empresa disse ao bloco europeu durante reuniões internas que “entregaria menos de 90 milhões de doses no segundo trimestre”.

O contrato entre a AstraZeneca e a UE (divulgado na semana passada) revela que a empresa tinha-se comprometido a entregar 180 milhões de doses da vacina aos 27 países no segundo trimestre deste ano

Ainda assim, o ministro não deixou de falar numa "dificuldade adicional e transitória", que terá de ser gerida por parte do Governo de forma interna e também externa, até porque Portugal confirmou que vai ceder 5% das doses da vacina aos países africanos de expressão portuguesa (PALOP), ideia que já tinha sido deixada pelo primeiro-ministro, António Costa.

Augusto Santos Silva admitiu, neste contexto, que, tal como poderá acontecer internamente, também o calendário da distribuição de vacinas aos países lusófonos e Timor-Leste poderá ter de sofrer ajustes.

"A nossa estimativa é iniciar o processo de distribuição dos 5% de vacinas que afetamos à cooperação bilateral o mais cedo possível ao longo do próximo semestre e esse objetivo não está comprometido", disse.

O cronograma é, naturalmente, ajustado quer para efeitos de aplicação interna, na União Europeia, quer para efeitos de cooperação internacional", acrescentou.

Augusto Santos Silva considerou ser "ainda cedo" para avançar mais detalhes sobre a distribuição das vacinas portuguesas por país, cujos critérios serão acordados com as autoridades locais, e não indicou qual ou quais das três vacinas atualmente aprovadas na UE (Pfizer-BioNtech, Moderna e AstraZeneca) serão distribuídas.

Neste momento, estamos a trabalhar com essas autoridades na preparação dos respetivos planos de vacinação e na formação de recursos humanos que serão agentes de vacinação", disse.

Além das vacinas direcionadas de forma bilateral, o ministro dos Negócios Estrangeiros referiu que Portugal contribuiu já com mais de um milhão de euros para o mecanismo Covax, iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS e da Aliança para as Vacinas (Gavi), que visa assegurar a vacinação de 20 por cento da população de 92 países de baixo ou médio rendimento.

Na participação portuguesa no mecanismo Covax, vamos assinalando que queremos que um dos destinos principais da distribuição de vacinas sejam os países parceiros da cooperação portuguesa", disse Santos Silva.

Durante a sessão, em que participou também a ministra da Saúde, Marta Temido, os dois governantes fizeram o balanço intercalar do plano de apoio à resposta sanitária à pandemia nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste, iniciado em meados de 2020 com duração prevista de um ano.

De acordo com Augusto Santos Silva, Portugal investiu neste plano até ao momento 3,8 milhões de euros em contribuições para organizações multilaterais (1,1 milhões de euros), no fornecimento ou apoio à compra de material médico e de proteção individual, na formação de pessoal médico e no financiamento de projetos no terreno de organizações não governamentais para o desenvolvimento (970 mil euros).

Por seu lado, a ministra da Saúde, Marta Temido, sublinhou a importância da união e da solidariedade no combate à pandemia, antevendo que o envio das vacinas os PALOP e Timor-Leste venha a ser facilitado quando houver vacinas com condições de "armazenamento e distribuição mais simples".

O futuro, hoje em 2021, é ainda repleto de incertezas, interrogações às quais não conseguimos responder. Mas unidos estaremos mais bem preparados para enfrentar os desafios que esperam as populações", afirmou.

Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os países beneficiários do plano.

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