Marcelo: "Falta-nos o mais difícil. Como diz o povo, não queremos morrer na praia" - TVI

Marcelo: "Falta-nos o mais difícil. Como diz o povo, não queremos morrer na praia"

  • Bárbara Cruz
  • 16 abr 2020, 20:16

Presidente da República prorrogou o estado de emergência e voltou a falar ao país, repetindo que abril é um mês decisivo para que em maio as atividades possam ser retomadas de forma gradual. Deixou ainda uma palavra para os mais velhos, para os mais novos e para os autarcas, assinalando que os portugueses devem, por agora, resistir às "facilidades tentadoras"

O Presidente da República voltou a falar ao país, depois de ter promulgado um terceiro período de estado de emergência - que disse desejar "que seja o último" -, referindo que ainda falta "o mais difícil" no combate à pandemia de Covid-19: "Como diz o povo, não queremos morrer na praia", reforçou, apesar de reconhecer que os esforços dos portugueses para conter a doença estão a dar frutos. 

Acabo de assinar a segunda - e desejo, e todos desejam, a última - renovação do estado de emergência, para vigorar até às 24 horas do dia 2 de maio", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, a partir do Palácio de Belém, em Lisboa. 

Estamos agora mais próximos do fim de abril, um mês decisivo para ganharmos a segunda fase, e estamos a ganhar essa segunda fase. Tínhamos de fazer da Páscoa um tempo de contenção reforçada e fizemo-lo", sublinhou o Presidente. 

Marcelo referiu ainda que foi possível manter a percentagem de crescimento da doença em menos de 5% e, "o mais importante", manter a descida da percentagem de infetados graves necessitados de internamento, mantendo igualmente a descida do indicador de contaminação para menos de uma pessoa por infetado. 

O Presidente apresentou ainda três razões essenciais para a renovação do estado de emergência.

A nossa tarefa nos lares não desperdiçou um minuto, mas precisa de mais algum tempo", apontou em primeiro lugar. A segunda razão, precisou, prende-se com a necessidade de "continuar a estabilizar o número diário de internamentos em geral e nos cuidados intensivos, por forma a assegurar que o nosso Serviço Nacional de Saúde se encontraria em condições de responder à evolução do surto em caso de aumento progressivo de contactos sociais".

 

Por fim, Marcelo apontou uma terceira razão, "a mais relevante":

A presente renovação do estado de emergência está pensada de tal modo que dá tempo e espaço ao Governo para definir critérios, para estudar e preparar, para depois do fim de abril, a abertura gradual da sociedade e da economia", explicou.

O Presidente quis deixar ainda uma palavra para os mais velhos, "os da minha idade": "Não tenham receio, ninguém minimiza a vossa entrega de muitas décadas, tal como ninguém quer encerrar-vos num gueto", sublinhou. "Cuidar de vós é diferente de vos menorizar". 

Marcelo falou também para os mais jovens: "Admito a vossa capacidade de reagir ao maior, e para muitos o mais incompreensível, choque da vossa vida". 

O Presidente dirigiu-se também aos autarcas, garantindo-lhes que não deixará que sejam questionadas as decisões que tomaram em nome da "salvação pública" e que é determinante o papel de proximidade que desempenham. 

Marcelo quis ainda esclarecer "dúvidas que sei que vos assaltam".

A primeira, será que maio poderá corresponder às expetativas suscitadas, e a segunda, será possível suportar por algum tempo mais tamanhas provações por este caminho a que tantos estrangeiros chamam o milagre português? Conhecem a resposta. Tudo dependerá do que conseguirmos alcançar até ao fim de abril", sublinhou o Presidente, acrescentando que maio "tem de ser o mês dessa ponte entre o dever e a esperança".

Confiança é a palavra-chave", afirmou. 

Marcelo assinalou também que o cansaço aperta e a esperança desponta, e que tudo isso "convida a facilidades tentadoras. Temos de lhes resistir", afirmou, evitando "por precipitações em abril, deitarmos a perder maio".

Ainda nos falta porventura o mais difícil. Como diz o povo, nós não queremos morrer na praia", reforçou.

O Presidente endereçou também elogios ao Governo, por ter "ouvido especialistas e agido em unidade", mas também ao presidente da Assembleia da República, à Assembleia da República, aos líderes partidários, aos líderes sociais, partidos políticos, parceiros económicos e sociais. "Mesmo os que hoje divergem, no início não se opuseram e é isso que ficará para a história", acrescentou o Presidente, agradecendo ainda a dedicação dos que há mês e meio "salvam vidas" e àqueles que "ajudam os que as salvam". 

Se isto é um milagre, então nós, povo português, somos um milagre vivo há quase nove séculos. Se isto é um milagre, o milagre chama-se Portugal", terminou Marcelo. 

A nível global, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Em Portugal, morreram 629 pessoas num total de 18.841 confirmadas como infetadas, segundo o balanço feito esta quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde.

A doença é provocada por um novo coronavírus detetado no final de dezembro em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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