O direito de resposta de Joacine aos "ditos pontos não cumpridos" apontados pelo Livre - TVI

O direito de resposta de Joacine aos "ditos pontos não cumpridos" apontados pelo Livre

  • BC
  • 19 jan 2020, 11:48

Deputada apresentou direito de resposta à resolução da Assembleia do partido que propunha retirar-lhe a confiança política

A deputada única do Livre, Joacine Katar Moreira, afirma em resposta à Assembleia do partido que o Grupo de Contacto (direção) nunca se opôs à sua reserva quanto ao sentido de voto no Orçamento do Estado de 2020.

Joacine Katar Moreira apresentou no sábado ao Congresso do Livre, que hoje termina em Lisboa, documentos com o conjunto de trabalhos desenvolvidos desde o início do seu mandato, há cerca de dois meses, juntamente com um direito de resposta à resolução elaborada pela 42.ª Assembleia do partido, que propunha retirar-lhe a confiança política.

Nesse documento, com 12 páginas, a deputada responde “aos ditos pontos não cumpridos”, enumerados pela Assembleia do Livre ao longo do mesmo número de páginas.

 

Joacine refere que o comunicado divulgado no ‘site’ após a votação em plenário do Orçamento do Estado para 2020 “seguiu o documento do GC [Grupo de Contacto] e do GT Programa, com contribuições dos círculos temáticos e com contribuições individuais dos membros do partido”.

Joacine Katar Moreira alegou que, na reunião com o partido sobre o sentido de voto do Livre no Orçamento do Estado para 2020, não recebeu “conselho contrário” quanto à sua intenção de manter a reserva sobre como iria votar.

Nessa reunião comuniquei que gostaria que o voto fosse apenas conhecido no momento da votação, que decorreria no dia seguinte, durante a tarde. Desta intenção não foi recebido conselho contrário da parte dos membros do GC naquele momento”, alega Joacine Katar Moreira.

A deputada acrescentou que “tampouco” lhe foi dito que seria a “vontade do colégio da direção 'viabilizar o orçamento ao PS'", como alega "ter lido na imprensa”.

Joacine Katar Moreira absteve-se na votação na generalidade do OE2020.

Segundo a resolução anteriormente publicada pela 42.ª Assembleia do partido, a deputada descurou, “reiteradamente, a comunicação e envolvimento dos órgãos do partido”, nomeadamente nas negociações com o Governo relativamente ao OE2020, recusando-se a revelar o sentido de voto do Livre até ao momento da votação, “contra o conselho do GC”.

Este domingo, segundo e último dia do IX Congresso do Livre, são revelados os resultados da eleição para os órgãos internos do partido, votação que decorreu ao longo do dia de sábado, primeiro desta reunião magna, em voto secreto.

A deputada não votou para os órgãos internos do partido, segundo fonte oficial do partido.

Joacine Katar Moreira, que até agora integrava o Grupo de Contacto, não consta em nenhuma das listas candidatas àquele órgão, ou ao Conselho de Jurisdição, nem apresentou candidatura individual à Assembleia do partido.

 

Discurso exaltado no congresso 

A deputada única do Livre Joacine Katar Moreira reagiu no sábado de forma exaltada, à proposta de retirada de confiança da assembleia do partido, gritando que os argumentos são “uma mentira absoluta”.

Isto é inadmissível, isto é mentira, tenham vergonha, mentira absoluta!”, disse de forma exaltada a deputada, batendo no púlpito onde subiu para reagir às considerações contidas na resolução da 42.ª Assembleia do partido.

“Como é que isso é possível? Como é que ousam fazer isto?”, reiterou, gritando, enquanto a mesa do congresso pedia calma à deputada.

Não me peças calma, isto é uma perseguição absoluta", vincou Joacine.

E deixou um recado ao partido: "elegeram uma mulher negra que foi útil para a subvenção, tem que ser útil para nos defender".

Como é que ousam afirmar que eu não ouvi as pessoas, que eu não fui leal ao partido, que eu desrespeitei o que foi decidido?", prosseguiu, referindo, enquanto descia do púlpito, lamentar "muito estas inverdades que a Patrícia referiu aqui".

Numa declaração com aproximadamente 10 minutos, Joacine lembrou que apresentou ao congresso documentação com o trabalho elaborado ao longo de dois meses de mandato, apelando à sua consulta e repetindo que o relatório feito pela assembleia do partido está cheio de “inverdades”.

"Isto é inadmissível, virem para aqui dizer ao país inteiro as mentiras que acabaram de referir", insistiu.

Joacine afirmou que esteve “obcecada” pelo seu trabalho na Assembleia da República e referiu que lhe foram feitas várias sugestões por parte de membros do partido.

A deputada reiterou que não irá renunciar ao seu mandato “para que as pessoas não se sintam defraudadas” e para “não deixar órfãos” aqueles que a elegeram em outubro.

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