Intérpretes afegãos obrigados a escolher apenas uma das esposas para trazer para Portugal - TVI

Intérpretes afegãos obrigados a escolher apenas uma das esposas para trazer para Portugal

  • João Guerreiro Rodrigues
  • 26 ago 2021, 09:57

Portugal tem "uma lista prioritária" de 116 cidadãos afegãos que vêm viver para Portugal

Os tradutores afegãos que trabalharam para Portugal no Afeganistão vão ser obrigados a escolher apenas uma das esposas para serem retiradas do país com eles, nos casos em que exista mais do que uma, revelou o ministro da Defesa, esta quarta-feira, numa entrevista à RTP. 

Os tradutores e intérpretes que trabalharam connosco têm o direito de trazer uma esposa, no caso de haver mais do que uma, como acontece, por vezes, no Afeganistão”, afirmou o ministro da Defesa.

João Gomes Cravinho revelou ainda que os quatro militares portugueses enviados para o aeroporto de Cabul viajaram com uma “lista prioritária” de 116 afegãos que vão ser retirados para Portugal. 

Cerca de 20 desses afegãos trabalharam “diretamente para as forças destacadas portuguesas ao longo de quase 20 anos”. As restantes 96 pessoas correspondem a “uma esposa” e “todas as crianças menores” que acompanham os intérpretes. 

A missão é ajudar a entrar no aeroporto e nos aviões aqueles que constam da lista prioritária de Portugal", frisou.

Gomes Cravinho afirmou ainda que existe um outro grupo de 50 afegãos que trabalharam para a NATO e para a União Europeia que vão viver em Portugal. 

O ministro admite, no entanto, que esse número venha a ser alargado, uma vez que a próxima reunião dos ministros da Administração Interna da União Europeia, marcada para o dia 31 de agosto, pretende alcançar “uma concertação no quadro da União Europeia para uma vaga de refugiados”. 

Sobre os quatro militares portugueses destacados para o Afeganistão, João Gomes Cravinho afirmou que vão trabalhar sempre no interior das instalações do aeroporto de Cabul, uma vez que a situação é “delicada e complicada” e “não há condições para sair”.

Recorde-se que os talibãs conquistaram Cabul em 15 de agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e aliados na NATO, incluindo Portugal.

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