Covid-19: o que muda no plano de vacinação em Portugal? - TVI

Covid-19: o que muda no plano de vacinação em Portugal?

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 28 jan 2021, 14:00

Pessoas com mais de 80 anos integram primeira fase, cerca de mil titulares de cargos públicos começam a ser vacinados para a semana e fevereiro arranca com um "ponto de viragem" na localização das inoculações. O coordenador da Task Force para a vacinação em Portugal anunciou esta quinta-feira as mudanças previstas

O coordenador da Task Force do plano de vacinação contra a covid-19 anunciou esta quinta-feira que todas as pessoas com mais de 80 anos vão fazer participar na primeira fase de vacinação. Uma decisão justificada pelo aumento da incidência da doença provocada pelo novo coronavírus.

Aquilo que fica integrado no plano é manter o grupo dos 50 aos 79 anos com as comorbilidades, mas incluir também todas as pessoas com mais de 80 anos, independentemente de qualquer comorbilidade ou patologia que tenham", adiantou Francisco Ramos, que falava em Lisboa durante a apresentação da atualização do plano de vacinação.

Foram também acrescentadas outras doenças à faixa dos 50 anos que garantem vacinação prioritária: quem tem insuficiência cardíaca, doença renal e doença respiratória também passam a integrar o grupo de risco com prioridade na vacina.

Para além de ser "a mudança mais importante", na ótica de Francisco Ramos, esta decisão pretende aproximar Portugal do objetivo comunitário de que todos os Estados-membros tenham vacinado 80% deste grupo etário até ao final de março.

Ademais, Francisco Ramos sublinha que, nas próximas semanas, será iniciado o processo de vacinação de cerca de mil titulares de cargos públicos e políticos, reforçando que estes fazem parte das "atividades essenciais" prioritárias.

O coordenador clarifica: decisores políticos, líderes de órgãos soberanos, responsáveis da proteção civil e altos funcionários da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público fazem parte deste grupo prioritário.

Nas próximas semanas, as vacinas que haverá para administrar a esse grupo serão cerca de mil”, afirma.

Ainda assim, os ministros que já foram infetados com o novo coronavírus estão fora da vacinação para já, em linha com a diretriz seguida até agora - especialmente nos lares onde têm existido surtos.

O que consta nas normas é que quem já teve a doença e já recuperou da doença não será vacinado nesta fase", assume. 

Dentro das pastas consideradas como prioritárias esta quarta-feira - Saúde, Economia, Ambiente, Infraestruturas, Negócios Estrangeiros, Defesa, Finanças, Justiça e Economia - apenas João Leão, Pedro Siza Vieira, Ana Mendes Godinho e João Gomes Cravinho não serão vacinados.

 

 

Francisco Ramos diz ainda que o mês de fevereiro vai ilustrar um ponto de viragem no âmbito dos espaços específicos para a vacinação. 

A vacinação, informa, vai deixar de ser exclusiva a um circuito fechado - os profissionais de saúde no seu local de trabalho, os residentes nos lares - e vai passar para uma fase "em que a administração ocorre em centros de vacinação ".

O objetivo da Task Force é ter pelo menos um centro de vacinação em cada um dos agrupamentos de saúde, "mas isso dependerá da disponibilidade das vacinas".

Começa já hoje o teste do primeiro ponto de vacinação em Lisboa", afirma, sublinhando que haverá sempre marcação prévia da administração da vacina e a convocatória será de preferência por mensagem SMS.

Na mesma linha, o coordenador afirma que os prioritários que normalmente não utilizam os centros de saúde terão acesso a uma declaração eletrónica passada por um médico a atestar que têm comorbilidades e que devem ser vacinados, "funciona como uma receita médica", diz.

A pessoa será avisada por SMS que a declaração foi emitida e essa informação chegará aos serviços do Ministério da Saúde, que marcará uma consulta.

 

Governo quer 810 mil pessoas vacinadas plenamente no final de março

Francisco Ramos informa que o Executivo tem o plano de que, até ao final de março, 810 mil pessoas tenham recebido as duas doses da vacina contra o novo coronavírus, sendo que é previsível que 520 mil pessoas já tenham iniciado o processo por essa altura.

O líder da task force diz que 74 mil pessoas já foram plenamente vacinadas e que 178 mil já receberam a primeira dose. Já começou também a vacinação com a vacina da Moderna, embora com uma escala menor: 5 mil inoculações.

A execução está a correr como previsto", admite, destacando que 57.500 profissionais de saúde do SNS foram vacinados plenamente e que cerca de 16 mil já tomaram a primeira dose.

Até ao momento, Portugal já recebeu 377.770 doses da vacina da Pfizer - sendo que mais 19.500 foram direccionadas para os Açores e para a Madeira - e 8400 da vacina da Moderna.

Está ainda prevista a entrega de 1,5 milhões de vacinas da Pfizer e da Moderna durante o primeiro trimestre e perto de cinco milhões de doses no segundo trimestre.

Esperamos que seja possível reforçar os números com outras vacinas", diz, apontando para a assinatura de contratos de reforço com a Pfizer e com a Moderna. Francisco Ramos sublinha também que Portugal garantiu cerca de 30 milhões de doses.

O coordenador do plano de vacinação adianta que, com a aprovação esperada da vacina da Astrazeneca, espera que o país tenha recebido 2 milhões e 214 mil doses até ao final do mês de março.

Outro tema em desenvolvimento na conferência de imprensa foi a situação com a farmacêutica Astrazeneca, que anunciou só entregar 25% das doses acordadas com a União Europeia até ao final do primeiro trimestre.

 

 

O coordenador do plano de vacinação acredita que a vacina da Astrazeneca será aprovada pela Agência Europeia do Medicamento esta sexta-feira e diz esperar por uma decisão da vacina da Johnson&Johnson durante o primeiro trimestre.

Após a primeira toma da vacina, Francisco Ramos sublinha que foram notificadas 556 reações adversas, num universo de 1332 - o coordenador da task force explica que há pessoas que manifestam mais do que uma reação adversa.

Por outro lado, Ramos diz que estas reações já eram esperadas e que nenhuma foi vista como um imprevisto.

Questionado sobre o caso recente do fornecimento de vacinas a administrativos, assessores e informáticos do INEM, Ramos diz lamentar o "desvio de critérios" e sublinha que a Inspeção-Geral das Atividades da Saúde vai realizar uma série de auditorias para fiscalizar o cumprimento do plano e garantir que só é vacinado durante a primeira fase quem tem direito.

Desde o início da vacinação, a 27 de dezembro, já foram realizadas mais de 290 mil inoculações em Portugal, nomeadamente a profissionais de saúde e utentes e funcionários de lares.

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