Rui Pinto, o alegado pirata informático que terá acedido ilegalmente aos e-mails do Benfica, vai ficar em prisão domiciliária, na Hungria, depois de ter sido presente a um juiz. A informação foi confirmada à TVI por um dos seus advogados, Francisco Teixeira da Mota.
O hacker foi ouvido esta sexta-feira em interrogatório judicial em Budapeste, após a detenção, na quarta-feira, na sequência de um mandado de detenção europeu.
Francisco Teixeira da Mota considerou a decisão do juiz "um aspeto positivo", acrescentando que o seu constituinte vai ficar a aguardar, sujeito a esta medida de coação, o "desenrolar do processo de extradição para Portugal", ao qual a defesa já se opôs.
Os advogados de Rui Pinto, William Bourdon e Francisco Teixeira da Mota, defenderam na quinta-feira a sua conduta, por denunciar "práticas criminosas", e anunciaram que se opõem à sua extradição da Hungria, onde foi detido.
Em comunicado, os advogados afirmaram que Rui Pinto, de 30 anos, é um amante de futebol "indignado com práticas vigentes neste desporto" e que "decidiu contribuir para o conhecimento público da extensão dessas práticas criminosas".
Os causídicos alegaram que, ao longo deste processo, Rui Pinto “foi seriamente ameaçado, sendo o seu silêncio o objetivo de muitos intervenientes no mundo do futebol”.
Os advogados disseram ainda que o seu cliente cumpre os critérios de proteção dos lançadores de alertas [whistleblowers], resultantes das últimas disposições da legislação europeia e de muitos países europeus.
Ao contrário do que pretendem aqueles que têm vindo a perseguir o Sr. Rui Pedro Gonçalves Pinto, a importância da indústria do futebol não deve ser utilizada para manter na opacidade as práticas gravemente contrárias à lei que no mundo deste desporto se verificam.”.
Na quarta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de um cidadão português em Budapeste, em cooperação com a congénere húngara, sem nunca confirmar o nome do suspeito,
O diretor da Unidade de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica (UNC3T) da PJ, Carlos Cabreiro, disse ser “prematuro” associar o suspeito a crimes cometidos contra algumas instituições desportivas, como Benfica, FC Porto, Sporting ou Doyen, embora tenha adiantado que o mesmo “é detido por tentativa de extorsão, acesso ilegítimo e exfiltração de dados de algumas instituições, inclusive do próprio Estado”.
De acordo com Carlos Cabreiro, o ‘hacker’ pode incorrer numa pena de prisão “até 10 anos”, embora “haja várias penas associadas aos vários tipos de crime”.