O fisioterapeuta do Sporting Hugo Fontes corroborou, nesta quarta-feira, em tribunal, a versão de Rodrigo Battaglia, jogador de Sporting que foi agredido aquando da invasão à Academia, em Alcochete, a 15 de maio de 2018.
O médio argentino foi um dos principais alvos dos atacantes, tendo sido agredido por um grupo de três ou quatro indivíduos.
O Battaglia estava ao pé de mim. Foi agredido por três ou quatro com pontapés, socos e murros. Lembro-me que um dos indivíduos, ao afastar-se, agarrou num garrafão e atirou-o contra o Battaglia”, descreveu Hugo Fontes.
Segundo o fisioterapeuta, o staff "estava no balneário, a preparar a equipa para o treino, quando alguém disse que estavam a entrar pessoas mascaradas na Academia".
Entraram muitas pessoas no balneário e começaram logo a agredir os jogadores. O Rui Patrício e o William foram os primeiros a ser abordados, eram os que estavam mais perto da porta”, descreveu.
Hugo Fontes contou que o ataque foi “inesperado e muito repentino”, o que deixou toda a gente “surpreendida e petrificada com o que se estava a passar”. O grupo, prosseguiu o fisioterapeuta, entrou a gritar “vocês são uma vergonha" e "procuraram logo a seguir onde estavam o Acuña e o Battaglia”, mas que "a maior parte dos indivíduos estava concentrada à porta do balneário”.
Além do fisioterapeuta, também o roupeiro João Reis foi ouvido em tribunal.
Parecia que tinha havido ali guerra", recordou.
De acordo com o roupeiro, os suspeitos gritavam “vocês são todos iguais, vocês são uma vergonha, tirem as camisolas”.
Não ganhem no domingo e estão f****** connosco”, lembrou, ainda, referindo-se às ameaças aos jogadores.
O guarda-redes Luís Maximiano e o médio Wendel vão voltar a testemunhar esta tarde, devido a falhas na gravação da videoconferência.
O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, Mustafá, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e Mustafá também por um crime de tráfico de estupefacientes.