O secretário de Estado adjunto da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou esta quinta-feira que o plano de vacinação contra a covid-19 "tem todas as características para correr bem", mas deixou uma mensagem de "cautela e prevenção".
Foi anunciado, nesta quinta-feira, o plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal e que coloca no topo dos grupos prioritários os doentes de risco com mais de 50 anos, os idosos em lares e os profissionais de saúde.
De acordo com o Governante, se tudo correr conforme este plano, serão vacinadas cerca de 3,6 milhões de pessoas (que corresponde entre 30 e 40% da população) nos primeiros seis meses do ano, com onze milhões de doses de vacinas.
Lacerda Sales explicou as fases de vacinação, salientando que "não nos vacinamos todos ao mesmo tempo", mas garantindo que "nenhum residente em território português ficará sem vacina".
A imunidade de grupo é vista como a "luz ao fundo do túnel" desta pandemia. De acordo com o conhecimento científico, citado por Lacerda Sales, a imunidade pode ser atingida com a vacinação de 70% a 80% da população.
Por essa razão, o secretário de Estado alertou para a gestão de expectativas em relação a uma vacina contra a covid-19.
É evidente que as expectativas são altas, mas é importante dizermos que essas expectativas devem ser cautelosas para que as pessoas não pensem que logo que se começam a vacinar, podem libertar os seus comportamentos", disse Lacerda Sales, em entrevista à TVI24.
"Tudo poderá vir a acontecer"
O secretário de Estado não se compromete com a construção de infraestruturas de apoio à vacinação, uma vez que o Governo está "muito concentrado" nas primeiras fases do plano e no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Questionado sobre existirem pessoas que não estão registadas em centros de saúde ou que não tenham médico de família, o secretário de Estado esclarece que esses casos podem dirigir-se aos centros de Saúde.
O Governante não descarta, contudo, o reforço do SNS com mais profissionais de saúde.
Se for necessário obviamente haverá reforço", disse Lacerda Sales, acrescentando que as próprias instituições têm a capacidade para contratar em função da necessidade e procura". "Temos um sistema organizado em cascata, através das administrações regionais de saúde, dos ACS, dos hospitais que nos permite ter um processo bem organizado. Temos um histórico de vacinação que nos orgulha a todos. Vamos aproveitar a nossa experiência".
Já sobre a possibilidade de voluntários, esclareceu ainda que quem administra a vacina são profissionais de saúde. "Temos cerca de 40 mil enfermeiros, vamos usar toda a nossa capacidade, e, se for necessário, reforçaremos", declarou.
Em Portugal, já morreram 4.724 pessoas com covid-19, num total de mais de 300 mil casos de infeção contabilizados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).