A associação de pais de crianças tratadas no Hospital de São João, no Porto considerou hoje a aprovação da construção da ala pediátrica por ajuste direto uma “boa notícia”, mas alertou que não resolve “o problema todo”.
“A notícia é boa, é um passo importante porque andávamos aqui num impasse. O Governo dizia hoje uma coisa e amanhã outra”, afirmou à Lusa o porta-voz da APOHSJ – Associação Pediátrica Oncológica, Jorge Pires.
Satisfeito pela unanimidade do Parlamento em torno da “urgência” desta obra, recordou que o procedimento por ajuste direto é o passo fundamental para se avançar “rapidamente” com a construção da ala pediátrica, que ao que tudo indica será em 2019.
É um passo importante, mas não é a resolução do problema todo porque o Governo já nos tem habituado a anunciar a obra, lançar a primeira pedra e depois para tudo, não há obra nenhuma”.
O líder da associação disse que o próximo passo é saber como vai ser financiada a obra e, em paralelo, trabalhar com as pessoas com quem o Estado firmou protocolos. “Temos aqui um trabalho de bastidores e de diplomacia a fazer, temos de juntar as pessoas e lutar pelo bem da comunidade para que nada possa atrasar a obra”.
“Felizmente”, disse Jorge Pires, todo o país já sente esta obra como sendo uma “autêntica vergonha”, tornando-se uma “causa nacional”.
Ontem, terça-feira, o Parlamento aprovou a proposta de alteração do PS ao Orçamento do Estado para 2019 que prevê a possibilidade de recurso ao ajuste direto para a construção do Centro Pediátrico do Centro Hospitalar Universitário de São João.
Falando num “dia histórico”, o deputado do PS Fernando Jesus, que a 18 de outubro tinha levado o tema à Assembleia da República, lembrou serem “poucas as vezes” em que o parlamento é unânime quanto a uma questão.
Os deputados deram o exemplo, puseram de lado as suas divergências e juntos puseram-se de acordo quanto a um projeto tão urgente como o é a ala pediátrica”.
Dizendo que a obra vai devolver a “dignidade” às crianças, pais das crianças e profissionais de saúde, Fernando Jesus salientou que o procedimento por ajuste direto vai permitir um “ganho de tempo”. Já quanto ao financiamento, questão que preocupa os pais, o socialista vincou que está assegurado pelo Ministério das Finanças.