Marta Temido explica aos espanhóis como se combate a Covid-19 em Portugal - TVI

Marta Temido explica aos espanhóis como se combate a Covid-19 em Portugal

Covid-19: Marta Temido na conferência de imprensa da DGS

Espanha continua impressionada com os números da Covid-19 no país vizinho e perguntou à ministra da Saúde Marta Temido a razão para o sucesso no combate à pandemia. "Tivemos a sorte de o vírus ter chegado mais tarde a Portugal", explicou

Espanha está impressionada com os números da Covid-19 em Portugal, mas a ministra da Saúde recusou dar a pandemia por resolvida, em entrevista ao diário espanhol El País.

"Antes do primeiro morto, Portugal já estava confinado e com as escolas encerradas. Isso deu-nos vantagem" foi a citação de Marta Temido escolhida para destaque na edição online do jornal de quinta-feira, que sublinhou, ainda, a solução encontrada pelo país vizinho para que os hospitais não colapsassem.

A ministra, que o El País fez questão de dizer que é especialista em gestão hospitalar, no que é entendido também como uma referência ao homólogo espanhol, Salvador Illa, que não tem qualquer experiência na área da saúde, assumiu que Portugal teve a sorte de o vírus ter chegado mais tarde, dando tempo para aprender com o que estava a acontecer noutros países, incluindo em Espanha.

Se a pandemia fosse um livro, diria que estamos no primeiro capítulo de um livro cujo final desconhecemos. Não podemos dizer que país esteve bem ou mal. Tivemos a sorte de o vírus ter chegado mais tarde. Aprendemos com França, Itália e Espanha, que foram atacados mais cedo e mais fortemente", disse.

Marta Temido confirmou que Portugal "passou o pico da epidemia, entre 23 e 27 de março", mas garantiu que as autoridades portuguesas estão a olhar "com cautela" para os números diários, porque uns dias são melhor que os outros.

Há dias em que o número de casos sobe muito e outros em que baixa muito, mas os números não nos dão uma visão exata da epidemia, porque dependem da qualidade dos registos. Olhamos com cautela os números, os positivos e negativos."

Recusando sempre falar em êxito, mas quando confrontada a explicar porque Portugal ficou "no meio" das medidas restritivas, quando Espanha e Itália ficaram num extremo e a Suécia no outro, a ministra respondeu que a "proporcionalidade" foi a opção do governo português.

Tomámos sempre as medidas necessárias e só quando foram necessárias para não penalizar a sociedade e a economia. Também tomámos medidas drásticas, como proibir as visitas aos lares de idosos, uma medida muito penosa e que se mantém. E não deixámos de adotar medidas por serem impopulares. Antes da primeira vítima mortal, o país já estava confinado e com as escolas encerradas. Isso deu-nos vantagem. A rapidez de resposta ajudou muito. Também somos um país pequeno e o Serviço Nacional de Saúde está centralizado. É mais fácil coordenar e pôr em prática as decisões políticas, há mais agilidade", descreveu.

Mas Marta Temido sublinhou que uma das causas para o SNS não ter colapsado foi o facto de em Portugal, "entre 80 a 90% dos infetados" fazer a recuperação em casa, o que permitiu "aliviar muito a carga de trabalho nos hospitais", que "nunca ficaram sobrelotados". 

As incertezas sobre o comportamento do vírus continuam a ser, segundo a ministra portuguesa, aquilo que mais preocupa as autoridades e os profissionais de saúde, que todos os dias descrevem alterações.

Há muitas incertezas. Os médicos contam que o vírus os surpreende a cada dia, com casos negativos que, de repente, se tornam positivos; pessoas de risco, quase sem esperança, que se recuperam; e até os tratamentos que nem sequer estão descritos que funcionam em alguns casos. Há muitas incertezas, mas, atuar precocemente, ajuda."

 

Continue a ler esta notícia