Sindicato diz que guarda prisional de Custóias tem teste positivo para Covid-19 - TVI

Sindicato diz que guarda prisional de Custóias tem teste positivo para Covid-19

  • BC/CE - Atualizada às 09:57
  • 29 mar 2020, 08:15

Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda, disse à TVI que os colegas e reclusos que estiveram em contacto com este guarda ainda não foram monotorizados

Um guarda prisional do estabelecimento de Custóias, de quase 60 anos, testou positivo para o novo coronavírus, confirmou à TVI o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP).

Em declarações à TVI, Jorge Alves classificou este primeiro caso positivo em estabelecimentos prisionais como “muito preocupante”. Explicou que este guarda trabalhou até quinta-feira da semana passada, foi para casa com sintomas e recebeu o resultado positivo no final do dia de sábado.

Tendo em conta que não houve alteração ao horário de trabalho do corpo de segurança prisional, há uma forte probabilidade deste guarda ter estado já infetado em contacto com guardas prisionais e com reclusos. Estamos a falar da maior cadeia do país, com cerca de 1.100 reclusos e cerca de 140 guardas a desempenhar funções”, alertou. 

Referiu ainda que vai ser muito difícil apurar o ponto de situação da cadeia de Custóias, no Porto, e que não se sabe se as pessoas que estiveram em contacto com este guarda infetado já foram ou não monitorizadas.

Não tive contacto de ninguém do estabelecimento prisional a dizer que já tinham sido tomadas medidas e que medidas foram tomadas para conter a situação. Neste momento estamos ainda a zero nesse aspeto, o que nos preocupa muito”.

Acusou a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) de não permitir uma maior proteção dos reclusos e que já foi sugerida, por exemplo, a monitorização da temperatura corporal à entrada do estabelecimento prisional, mas não foi aceite.  

O corpo da guarda prisional está numa situação muito delicada”.

Jorge Alves referiu ainda que o guarda em causa estava “todos os dias na cadeia” e advertiu que agora é necessário avaliar as “cadeias de contágio” para isolar colegas e reclusos.

Contactada pela Lusa, fonte oficial da DGRSP afirmou não ter informação sobre o resultado do teste ao guarda prisional.

Na passada sexta-feira, em carta aberta enviada ao Presidente da República, o sindicato dos guardas prisionais referiu “não ter qualquer dúvida” de que “estão a ser violadas, por parte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, as obrigações de cumprimento do estado de emergência”.

O sindicato afirmou na carta que os guardas não estão autorizados “a andar de máscara no interior das prisões para não criar alarme social junto dos reclusos”, mas que estes “ficam alarmados porque os guardas (potenciais transmissores) não usam proteção junto deles”.

Infelizmente utilizam esse argumento, mas os reclusos têm andado alarmados porque veem aqueles que são os potenciais transmissores do vírus sem proteção a circular ao lado dos próprios reclusos”, confirmou Jorge Alves à TVI. 

 

Disse ainda que em Custóias já existia o hábito de os reclusos utilizarem a camisola para tapar o nariz e a boca sempre que passavam ao lado de um guarda prisional, numa tentativa de se protegerem.

No entender do sindicato, o diretor-geral dos serviços prisionais está a ver a questão da covid-19 “de dentro para fora e não de fora para dentro” dos restantes serviços, nomeadamente das forças e serviços de segurança.

Neste momento, existem três casos confirmados com Covid-19 em estabelecimentos prisionais: dois em Caxias e um em Custóias. 

Da informação que temos, em Caxias é de uma cidadã brasileira que foi detida junto da fronteira com Espanha, em Elvas, pela GNR (…) também no estabelecimento prisional de Caxias, estará infetada uma cidadã que trabalhava no estabelecimento como auxiliar médica”, garantiu Jorge Alves à TVI.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 640 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 30.000.

Dos casos de infeção, pelo menos 130.600 são considerados curados.

Em Portugal, segundo o balanço feito este sábado pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 100 mortes, mais 24 do que na véspera (+31,5%), e registaram-se 5.170 casos de infeções confirmadas, mais 902 casos em relação a sexta-feira (+21,1%).

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