O outono chegou nesta quarta-feira, às 20:21, e com ele vem a mudança da hora.
E sim, como tem sido hábito, a hora vai mudar.
Recorde-se que o atual regime de mudança da hora, regulado por uma diretiva de 2000, prevê que todos os anos os relógios sejam adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim do horário de verão.
Muito se tem discutido sobre o fim desta mudança, no entanto, três anos após a proposta ser lançada, tudo continua na mesma.
Proposta lançada em 2018
A proposta foi avançada pela Comissão Europeia em 2018 e, em 2019, os eurodeputados votaram a favor do fim da mudança de hora, com a medida a entrar em vigor já em 2021, supostamente.
Na altura, a orientação foi aprovada com 410 votos a favor, 192 contra e 51 abstenções.
Mas não basta a vontade do Parlamento Europeu, é preciso que os governos dos 27 o queiram também.
Porquê mudar?
Na base deste projeto estiveram fatores como a poupança de energia; a saúde das populações; a segurança nas estradas e as melhorias no funcionamento do mercado único.
Para além disso, para a maioria dos europeus que responderam ao inquérito online da Comissão Europeia, a mudança de horário duas vezes por ano é negativa.
Países podem escolher horário
Se dependesse apenas do Parlamento Europeu, os países que optassem pela hora de inverno acertariam os relógios pela última vez a 31 de outubro de 2021, mas é preciso que o Conselho Europeu tenha a mesma vontade, o que não aconteceu.
Definiu-se o dia 1 de abril de 2020 para que cada Estado-membro decidisse se queria permanecer no horário de verão ou inverno, mas o ‘deadline’ não chegou a ser cumprido e a pouco mais de um mês do dia da mudança de hora, tudo continua igual.
Por isso, e sem acordo, a medida mantém-se: a hora vai continuar a mudar entre o horário de verão e o de inverno e a próxima alteração aos ponteiros acontece já no próximo dia 31 de outubro.
Mudança da hora em Portugal
Em Portugal Continental e na Madeira, a 31 de outubro atrase os ponteiros do relógio quando forem 02:00, voltando a marcar 01:00. Nos Açores, devido à diferença horária, esse atraso deverá ocorrer quando for 01:00.
Portugal contra fim da mudança
Já em 2018, o primeiro-ministro, António Costa, avançou à TVI que “o melhor critério a ser utilizado é o da ciência”, defendendo que para Portugal o melhor seria manter o regime até à data utilizado.
O primeiro-ministro baseou-se na recomendação do relatório realizado pelo Observatório Astronómico de Lisboa, também de 2018.
“Bastante nociva” para a saúde, dizem especialistas
Em 2019, vários especialistas portugueses revelaram que a mudança da hora duas vezes por ano podia ter consequências “bastantes nocivas” para a saúde, afetando o sono e o funcionamento do corpo humano.
O estudo foi publicado e assinado por nove autores, sendo coordenado por Miguel Meira e Cruz, também presidente da Associação Portuguesa da Cronobiologia e Medicina do Sono.
De lembrar que, na União Europeia, há quatro fusos horários diferentes.