Pena suspensa para padre que desviava esmolas para comprar carros - TVI

Pena suspensa para padre que desviava esmolas para comprar carros

  • Luís Varela de Almeida
  • 6 mai 2021, 15:02

Padre foi condenado a quatro anos e seis meses por um crime de abuso de confiança agravado e um de furto qualificado

O padre acusado de ter usado dinheiro de esmolas e das contas bancárias de duas paróquias na Grande Lisboa para comprar, entre outros bens, 19 carros foi esta quinta-feira condenado a quatro anos e seis meses de pena suspensa.

Em causa, está um crime de abuso de confiança agravado e um de furto qualificado, no que respeita à paróquia do Santo Condestável, em Lisboa. O arguido foi, por outro lado, absolvido de um crime de abuso de confiança agravado respeitante à Paróquia dos Remédios de Carcavelos.

Na leitura da sentença, o juiz admite que “o tribunal teve em conta o percurso de vida e a conduta muito ativa e assertiva do arguido em procurar resolver os problemas da paróquia, que afligem os paroquianos, os toxicodependentes e as prostitutas”. 

Segundo o tribunal, não foi considerado que houvesse “intenção de esconder ou dissimular o dinheiro que foi depositado, daí ter sido absolvido do crime de branqueamento de capitais”.

Na decisão do coletivo, pesou também o facto de o arguido fazer “transferência da conta dele para paróquia e vice-versa”, não conseguindo o tribunal “formar uma convicção segura de que ele se apropriou do dinheiro”.

Além dos quatro anos e seis meses de prisão, com pena suspensa, o padre foi condenado a pagar várias indemnizações cíveis.

A decisão do tribunal teve um voto vencido da juíza presidente, que defendia a absolvição total do arguido.

No final da sessão, em declarações aos jornalistas, o advogado do arguido disse que iria recorrer da decisão, alegando ter “fundamentos” para o fazer.

O padre António Teixeira, das paróquias do Santo Condestável, em Lisboa, e Nossa Senhora dos Remédios, em Carcavelos, foi acusado de ter roubado esmolas para proveitos próprios e para comprar carros. O sacerdote era ainda suspeito de ter vendido arte sacra das paróquias que tinha a cargo no valor de dezenas de milhares de euros. 

Entre a alegada arte sacra desviada estão artigos de reliquiários como um cálice cerimonial adornado com safiras, rubis e esmeraldas, mobiliário eclesiástico, objetos em prata ou marfim, como crucifixos e custódias, e várias imagens do séc. XVII. Segundo a acusação, citada pelo mesmo jornal, são peças “de valor histórico e religioso que foram retirados do interior da igreja e da residência paroquial e vendidos pelo arguido sem o consentimento da diocese”.

A venda de alguns destes artigos precisa de autorização do patriarca e outros do próprio Vaticano, o que não terá acontecido. Durante investigação a Polícia Judiciária encontrou algumas destas peças nos antiquários João Ramada e Carlos Santos.

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