Um antigo militar e diretor dos serviços secretos da Venezuela e uma das figuras mais conhecidas do chavismo reconheceu o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino do país. Hugo Carvajal fez uma declaração de apoio surpreendente, na quinta-feira, através do Twitter, e apelou aos seus "irmãos de armas" para ficarem “do lado certo da História”.
Numa série de vídeos partilhados na rede social, Carvajal sublinha que é tempo de Nicolás Maduro "assumir a sua responsabilidade". O antigo militar acusa o líder venezuelano de ter trazido "miséria ao país" e "uma crise humanitária, económica, política e social".
Depois, deixa uma mensagem direta a Guaidó, que reconhece como o “presidente interino da Venezuela”.
Aqui está mais um soldado pela causa da liberdade e da democracia, que quer ser útil na restauração da ordem constitucional que nos permite convocar eleições livres e ouvir a verdadeira vontade do nosso povo soberano.”
Presidente (E) de la República Bolivariana de Venezuela, Juan Guaidó Márquez. Aquí está un soldado más por las causas de la libertad y la democracia, para ser útil en la consecución del objetivo de reestablecer el orden constitucional que nos permita convocar elecciones libres... pic.twitter.com/bMGEcVm2Vp
— Hugo Carvajal (@hugocarvajal4f) February 21, 2019
Carvajal destacou a sua carreira militar de mais de 30 anos e a sua proximidade ao antigo chefe de Estado Hugo Chávez. Foi sob a governação de Chávez que, de resto, chegou a Major General no Exército venezuelano e liderou os serviços secretos militares do país.
Toda a gente sabe que cumpri os meus deveres numa carreira militar de mais de 30 anos, durante a qual liderei os serviços secretos militares durante mais de uma década, sob o governo de Hugo Chávez, que além de ter sido o meu chefe comandante foi também meu amigo", vincou.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro. Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceu Guaidó como presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.