O longo caminho que Biden ainda tem de percorrer até ser presidente - TVI

O longo caminho que Biden ainda tem de percorrer até ser presidente

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  • Publicado por MM
  • 7 nov 2020, 23:05

Até 20 de janeiro, muita água vai correr debaixo das pontes. Em última instância, se as disputas legais se arrastarem até se esgotarem os prazos legais, Nancy Pelosi pode ser empossada como presidente

A vitória de Joe Biden nas Presidenciais norte-americanas, anunciada este sábado pelos principais media norte-americanos, requer um longo processo de certificação que varia de estado para estado e poderá demorar várias semanas.

A certificação dos resultados das eleições presidenciais nos EUA tem prazos e regras específicas em cada estado, mas todos devem terminar o processo até 14 de dezembro, dia em que o Colégio Eleitoral vota para eleger o presidente.

A contabilidade dos votos passa por vários processos de verificação e confirmação, sendo enviada pelos oficiais de cada condado até ser certificada pelo secretário de estado de cada estado ou pela figura independente do chefe/administrador de eleições. O processo pode demorar semanas até ser completado.

Isto significa, como explica um diagrama processual do New York Times, que os resultados reportados pelos estados na noite da eleição e horas seguintes não são oficiais. Os resultados têm de ser confirmados e certificados até se chegar a um número final.

Possíveis recontagens

Quando as margens são muito curtas, vários estados têm recontagens automáticas dos votos.

Os candidatos podem também solicitar recontagens se disputarem a exatidão dos números fornecidos, mesmo que a margem de diferença seja maior. Esta é uma situação que torna menos provável uma alteração, quando a diferença é de dezenas de milhares de votos, embora não seja impossível.

A contestação legal de resultados acontece, por norma, antes de a certificação estar completa, o que no caso da eleição presidencial de 2020 pode atrasar todo o processo, dada a diversidade de casos legais que já estão em curso.

No entanto, segundo explicou à Lusa a cientista política Daniela Melo, que leciona na Universidade de Boston, "pode haver uma certificação, mas depois o Supremo Tribunal de Justiça tomar uma decisão que vai considerar essa certificação ilegal", o que significa que "a certificação não é o momento definitivo".

O que acontece a seguir depende de estado para estado, sendo que a legislatura estadual pode intervir na escolha dos eleitores do Colégio Eleitoral que vão eleger o presidente a 14 de dezembro. No entanto, a lei na maioria dos estados (33) determina que os eleitores têm de seguir o voto popular.

"O mais perigoso para a democracia é entre agora e o dia 14. Quando os eleitores [do Colégio Eleitoral] votarem, a partir daí será um ‘fait accompli’ [facto consumado]", disse Daniela Melo.

Esses votos são depois confirmados pelo Congresso, que abre a nova sessão legislativa em janeiro.

O mandato do novo presidente tem de se iniciar a 20 de janeiro, neste caso de 2021.

Nancy Pelosi pode ser empossada como presidente

Se as disputas legais se arrastarem e não houver presidente eleito até ao prazo final, será a líder da Câmara dos Representantes (onde os democratas detêm a maioria), Nancy Pelosi, a ser empossada como presidente.

A campanha de Donald Trump iniciou vários processos legais para disputar as contagens no Michigan, Geórgia, Nevada e Pensilvânia, juntou-se a um processo no Arizona e pediu uma recontagem no Wisconsin.

Na Pensilvânia, onde Joe Biden venceu hoje Donald Trump, a disputa é sobre a receção de votos postais.

Os republicanos contestam a contabilização de votos carimbados pelos correios até ao dia da eleição, mas que só chegaram às autoridades eleitorais nos dias seguintes.

Os eleitores democratas tenderam a votar por correspondência em maior número, o que levou a que a contagem destes boletins beneficiasse Joe Biden nos estados decisivos, como Pensilvânia e Geórgia.

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