Primeiro-ministro do Sudão detido por militares e pressionado a apoiar golpe de Estado - TVI

Primeiro-ministro do Sudão detido por militares e pressionado a apoiar golpe de Estado

  • Agência Lusa
  • JGR
  • 25 out 2021, 07:38
Manifestação em apoio ao Governo democraticamente eleito no Sudão

Vários líderes políticos foram detidos e a internet foi cortada em todo o país

O primeiro-ministro do Sudão, Abdullah Hamdok, foi "detido em casa" pelos militares e pressionado a fazer uma declaração "a apoiar o golpe [de Estado]", disse o ministério da informação sudanês.

As forças militares conjuntas, que mantêm o primeiro-ministro sudanês Abdullah Hamdok dentro da sua casa, estão a pressioná-lo a fazer uma declaração de apoio ao golpe", disse o ministério numa curta publicação na rede social Facebook.

Os militares do Sudão tomaram ainda as instalações da rádio e da televisão do Estado em Omdurman, cidade separada de Cartum pelo rio Nilo, indicou esta segunda-feira o Ministério da Informação que diz estar em curso "um golpe de Estado".

Líderes políticos detidos e internet cortada

Homens não identificados detiveram líderes políticos sudaneses, indicou uma fonte governamental à agência de notícias France-Presse.

As detenções acontecem após semanas de tensão entre as autoridades de transição civil e militar.

A internet foi cortada em todo o país, enquanto manifestantes se concentravam nas ruas da capital, Cartum para protestaram contra as detenções.

Estes acontecimentos surgem apenas dois dias após uma fação sudanesa que pedia uma transferência de poder para o Governo civil ter advertido sobre a preparação de um golpe de estado numa conferência de imprensa que uma multidão de pessoas não identificadas procurou impedir.

O Sudão tem estado numa transição precária marcada por divisões políticas e lutas pelo poder desde a expulsão do Presidente, Omar al-Bashir, em abril de 2019.

Desde agosto de 2019, o país tem sido governado por uma administração civil-militar encarregada de supervisionar a transição para um regime totalmente civil.

As tensões entre os dois lados já existem há muito tempo, mas as divisões foram exacerbadas após o golpe falhado de 21 de setembro.

Na semana passada, dezenas de milhares de sudaneses marcharam em várias cidades para apoiar a transferência total do poder para os civis, em resposta a uma concentração rival de vários dias junto ao palácio presidencial em Cartum, na qual se exigia um regresso ao "domínio militar".

Os analistas dizem que as recentes manifestações mostram um forte apoio a uma democracia liderada por civis, mas os protestos de rua podem ter pouco impacto nas fações que pressionam para um regresso ao domínio militar.

Estados Unidos expressam preocupação sobre endurecimento militar

Os Estados Unidos expressaram "profunda inquietação" sobre a vaga de prisões de dirigentes civis levadas esta segunda-feira a cabo pelas forças militares do Sudão.

Os anúncios sobre a tomada do poder pelos militares "vão contra a declaração constitucional (que determinou a transição do país" e as "aspirações democráticas do povo do Sudão", disse o emissário norte-americano para o Corno de África, Jeffrey Feltman.

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