Erdogan ameaça Europa: "Vou abrir os portões e enviar 3,6 milhões de refugiados" - TVI

Erdogan ameaça Europa: "Vou abrir os portões e enviar 3,6 milhões de refugiados"

Presidente turco avisa líderes europeus sobre as consequências que poderão sofrer caso a ação militar da Turquia na Síria seja considerada uma ocupação

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou, nesta quinta-feira, os países europeus de que vai "abrir os portões" da fronteira turca com a Síria, deixando 3,6 milhões de refugiados sírios fugir para a Europa. O chefe de Estado turco avisou que estas são as consequências caso a ação militar da Turquia na Síria seja considerada uma ocupação pelos líderes europeus.

Erdogan, que fez estas declarações durante uma reunião com legisladores e ministros turcos, explicou ainda que o executivo de Ancara vai continuar a manter detidos os combatentes do Estado Islâmico, prosseguindo depois para a sua repatriação. As mulheres e filhos destes detidos vão passar por programas de desradicalização.

Recorde-se que, também hoje, Erdogan anunciou a morte de 109 combatentes curdos, numa declaração onde já pedia neutralidade à União Europeia, que se tem pronunciado contra a invasão turca à Síria.

Mais de 60 mil refugiados em dois dias

Entre 60.000 e 90.000 pessoas terão abandonado as suas casas no nordeste da Síria desde o início da ofensiva turca na quarta-feira, indicaram várias organizações não-governamentais.

Desde quarta-feira, mais de 60.000 pessoas ficaram deslocadas, fugindo dos setores na fronteira (com a Turquia), em particular nas zonas de Ras al-Ayn e Derbassiyé”, referiu o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, precisando que os deslocados se dirigiam para territórios mais a leste, na direção da cidade de Hassaké.

Numa declaração assinada por 14 organizações, incluindo os Médicos Sem Fronteiras, Oxfam e Conselho Norueguês dos Refugiados, calcula-se que haja mais de 90.000 deslocados na região.

O exército turco apoiado por alguns rebeldes sírios lançou uma operação militar contra as zonas controladas pelas forças curdas no nordeste da Síria, apesar dos numerosos alertas internacionais.

Um dos objetivos da operação é criar uma zona tampão de cerca de 30 quilómetros de extensão a partir da sua fronteira no norte da Síria e deslocar para a região uma parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios que vivem na Turquia.

Cerca de 450.000 pessoas vivem a menos de cinco quilómetros da fronteira com a Turquia. Elas correm perigo se todas as partes não utilizarem a máxima contenção e se não tiverem como prioridade a proteção dos civis”, assinala a declaração assinada pelas 14 organizações.

O texto alerta, ainda, que um grande número de civis arrisca perder o acesso à ajuda humanitária.

A resposta humanitária essencial ficará em causa se a instabilidade obrigar as agências de ajuda internacionais a suspenderem ou deslocarem os seus programas e pessoal, como já acontece”, adiantam.

Numa declaração separada, a ONG Save The Children chama a atenção para “um desastre humanitário iminente”.

 

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