O líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, começou a sua intervenção esta terça-feira ,na Assembleia da República, por dizer que o Orçamento do Estado para o próximo ano “tem um problema político, económico e de justiça".
Ao mesmo tempo, criticou o espetáculo quanto às negociações do documento. "Este folcrore permanente da negociação e da barganha orçamental é um espetáculo tristíssimo para o país, sobretudo no contexto de crise económica, social e de pandemia".
O partido não poupou críticas ao Governo e disse a António Costa que a solução política encontrada em 2015 - a famosa "Geringonça" - para "chegar ao poder sem ganhar as eleições está a chegar ao fim e a esgotar-se".
Agora que já não há muito para distribuir, agora que é mais difícil, lá se vai a sua maioria. Bastará que o PCP dê uma instrução ao PEV para não votar da mesma maneira para que o seu grande projeto fique preso de uma dissidente de um partido radical [Joacine Katar Moreira] e de uma cisão num partido animalista", declarou.
No entanto, a intervenção ficou mais marcada pela posição assumida pelo Bloco de Esquerda face ao Orçamento para o próximo ano.
Só agora percebeu que o Bloco de Esquerda era oportunista? Só agora percebe que é um parceiro para as boas horas enquanto há coisas para dar e que nas horas complicadas salta fora? O senhor primeiro-ministro tem um problema político, mas não fui eu que me meti nesse buraco", concluiu Telmo Correia.
Logo a seguir, António Costa preferiu relativizar a situação e acabou por responder com alguma ironia, ao falar em "irrevogável" quanto à posição dos bloquistas.
Não sei se a decisão do Bloco de Esquerda em relação a este Orçamento é mais ou menos irrevogável que a decisão do CDS de abandonar o Governo com o PSD", respondeu Costa, numa alusão à crise interna que se instalou no executivo de Passos Coelho no verão de 2013.
O primeiro-ministro afirmou depois que nunca será acusado de ter "menor respeito pela autonomia política do Bloco de Esquerda, seja quando vota à esquerda, seja quando decide somar o seu voto ao voto do CDS para rejeitar o Orçamento na generalidade".
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