PSD: Rio ataca Montenegro e uma estratégia que levará à "derrota certa" - TVI

PSD: Rio ataca Montenegro e uma estratégia que levará à "derrota certa"

  • CM
  • 17 jan 2019, 18:01

Conselho Nacional dos sociais-democratas está reunido para debater e votar uma moção de confiança política à direção, apresentada pelo presidente do partido, depois de o antigo líder parlamentar Luís Montenegro ter desafiado o líder a convocar diretas

O presidente do PSD, Rui Rio, apelou à “maturidade e sentido de responsabilidade” dos conselheiros nacionais na votação da moção de confiança à sua direção, defendendo que se o caminho for outro “a derrota será certa”.

Na sua intervenção no Conselho Nacional do PSD, a que a Lusa teve acesso, Rui Rio devolveu, de forma implícita, as acusações do antigo líder parlamentar social-democrata Luís Montenegro que o acusou de “falta de coragem” por não ter aceitado o seu repto de marcar eleições diretas antecipadas.

Não foi seguramente a mim que me faltou a coragem. Faltou, sim, a quem há um ano, na altura própria, não teve o arrojo de se assumir, poupando o PSD a este espetáculo pouco dignificante que estamos a dar aos portugueses”, afirmou.

Há um ano, Luís Montenegro ponderou a possibilidade de ser candidato à liderança do PSD, mas acabou por não avançar invocando “razões políticas e pessoais”.

Aquilo que hoje aqui se pede é maturidade e sentido de responsabilidade. Responsabilidade, que passa por não facilitar a vida aos nossos adversários, acentuar a oposição ao Governo e construir uma alternativa de governação ao Partido Socialista. Se o caminho seguido for esse, acredito que a vitória está ao nosso alcance”, defendeu.

Pelo contrário, disse, se os militantes escolherem "o outro" caminho, que considerou ser da “instabilidade e do afundamento nas questões internas, é mais do que claro que a derrota será certa e o definhamento do partido poderá ser ainda superior” ao das últimas autárquicas.

Se o partido decidir caminhar nesse sentido, tenho a consciência tranquila, porque não será por ato meu que tal acontecerá”, avisou.

Rui Rio argumentou ainda que “não é justo, nem seria correto, chumbar a moção de confiança à Comissão Política Nacional (CPN), depois de ela nunca ter tido as condições de trabalho que a qualquer direção nacional se devem dar”.

Desde o primeiro dia da sua tomada de posse que o clima de guerrilha interna não parou. Aliás, começou até no dia anterior à sua tomada de posse. Logo a 17 de fevereiro, há precisamente 11 meses - um dia antes de iniciar funções - já esta CPN tinha potenciais candidatos a líder, que, apesar de não o terem sido, já discordavam daquilo que ainda nem sequer tinha começado. Não é a postura ética mais recomendável”, criticou.

Perante os conselheiros, Rui Rio repetiu algumas das ideias a que tinha recorrido no sábado, quando rejeitou o repto de Montenegro para marcar diretas, e anunciou, por outro lado, que iria submeter a sua direção a uma moção de confiança, que será votada hoje.

Sempre respeitei os resultados eleitorais. Nunca andei em manobras de corredores parlamentares ou jornalísticos, conspirando contra quem é legitimamente eleito. Muito menos, seria capaz de boicotar a atividade de quem foi democraticamente escolhido para trabalhar, para, no momento seguinte, poder reclamar que tudo está mal. Em português, a isso, chama-se hipocrisia e essa é coisa que, seguramente, não faz parte do meu rol de defeitos.”

Respondendo a um dos argumentos apontados pelos críticos - a má prestação do PSD nas sondagens -, Rio desvalorizou os estudos de opinião e recordou várias falhas, quer em relação ao partido, quer a si próprio.

Sempre fui muito melhor em eleições do que em sondagens (…), não faltam os que, ao contrário de mim, são muito melhores em sondagens do que em eleições”, criticou, apontando como exemplo os maus resultados do PSD nas últimas autárquicas, em particular em Lisboa e no Porto.

Com base nesses resultados, Rio considerou que o ponto de partida da sua direção foram os “11% nos principais municípios no país” e na ordem "dos 25 ou 26%" nas legislativas, expurgados os votos do CDS-PP.

Rui Rio afirmou ainda que não foi por falta de coragem que recusou as diretas, mas por considerar que tal “revelaria uma irresponsabilidade e uma falha grave aos compromissos” que assumiu perante os militantes.

Tenho como certo que tomar a decisão de enredar, outra vez, o partido numa longa campanha interna, seria colaborar numa irresponsabilidade de consequências totalmente imprevisíveis. Com eleições europeias, regionais e legislativas este ano, e com as europeias a realizarem-se dentro de uns escassos quatro meses, não se consegue entender semelhante insensatez.”, defendeu.

Rui Rio respondeu até a uma entrevista de Pedro Duarte, que o criticou por ainda não ter apresentado nomes e ideias para as europeias, mas por outro lado defendeu que o partido deve “mergulhar numa disputa interna” a tão pouco tempo das mesmas.

Precisamos de mais coerência e mais maturidade nos comportamentos e nas críticas. Dizer mal por dizer, não demonstra capacidade para assumir tão grandes responsabilidades”, apontou.

Para Rui Rio, convocar diretas agora seria “fazer um frete ao Partido Socialista, abrindo-lhe as portas a uma vitória eleitoral fácil”.

E é, também, um aliciante convite ao nosso eleitorado para se encaminhar para a abstenção e para as alternativas partidárias à nossa direita”, alertou.

O presidente do PSD considerou que a reunião do Conselho Nacional de hoje “é ela própria um espetáculo de ‘prime time’ para António Costa”“Se for um homem educado, terá de, necessariamente, agradecer a alguns companheiros nossos, pelo serviço de excelência que lhe estão a prestar”, disse.

Por outro lado, Rui Rio defendeu que fazer agora novas eleições seria “prejudicar toda a estabilidade futura do partido”, mas assegurou que aceitará “democraticamente a superior decisão do Conselho Nacional”.

O Conselho Nacional do PSD está hoje reunido desde as 17:00 para debater e vota uma moção de confiança política à direção, apresentada pelo presidente do partido, Rui Rio, depois de o antigo líder parlamentar Luís Montenegro ter desafiado o líder a convocar diretas.

Rio rejeitou o repto de antecipar as eleições - completou no domingo metade do seu mandato, um ano - mas pediu ao órgão máximo do partido entre Congressos que renovasse a confiança na sua Comissão Política Nacional.

De acordo com os estatutos do PSD, "as moções de confiança são apresentadas pelas Comissões Políticas e a sua rejeição implica a demissão do órgão apresentante".

Mesa do Conselho Nacional recusa pedido para ouvir Montenegro

A Mesa do Conselho Nacional do PSD recusou, no início dos trabalhos, apreciar o pedido de Almeida Henriques para que Luís Montenegro pudesse falar hoje aos conselheiros, dizendo que se o próprio pretendesse participar deveria ter enviado um pedido.

Segundo conselheiros presentes, esse assunto foi tratado logo no início na reunião, ainda antes do discurso do presidente do PSD, Rui Rio, a defender a moção de confiança à sua direção.

A presença de Luís Montenegro tinha sido defendida pelos seus apoiantes e o vice-presidente da mesa do Conselho Nacional Almeida Henriques apresentou há dois dias um pedido nesse sentido.

O presidente da Mesa, Paulo Mota Pinto, argumentou que, não tendo recebido do próprio um pedido para ser ouvido, nem sequer se iria pronunciar.

Intervenções: 75 inscritos

As intervenções no Conselho Nacional do PSD deverão hoje prolongar-se por cerca de seis horas, com 75 inscritos depois do presidente do partido, Rui Rio, ter aberto a reunião, cada um com direito a falar cinco minutos.

Segundo o gabinete de imprensa do PSD, haverá uma pausa nos trabalhos, que decorrem num hotel do Porto, cerca das 21:00 para jantar, e não está ainda definido se a votação da moção de confiança à direção de Rui Rio será feita apenas no final ou se será pré-definida uma hora.

Se todos os inscritos falarem, dá um total de 375 minutos, ou seja, mais de seis horas, sem contar com a votação, que promete ser antecedida pela polémica sobre o método – braço no ar ou voto secreto.

Ao contrário do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, que faltou ao Conselho de Estado para estar presente na reunião do Porto, o antigo líder do PSD Francisco Pinto Balsemão não o fez e enviou uma mensagem aos conselheiros.

Numa mensagem dirigida ao presidente da Mesa do Conselho Nacional, Paulo Mota Pinto, o militante número um do PSD justificou que a reunião do Conselho de Estado tinha sido “convocada há semanas” pelo Presidente da República.

 

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