Sete perguntas e respostas sobre o coronavírus que já matou mais de 130 pessoas - TVI

Sete perguntas e respostas sobre o coronavírus que já matou mais de 130 pessoas

  • Henrique Magalhães Claudino
  • Com Lusa
  • 29 jan 2020, 15:22

Afinal o que é o coronavírus? Quais são os sintomas? Quão perigoso é? Reunimos algumas perguntas e respostas essenciais sobre o que se sabe, até ao momento, sobre esta pneumonia viral.

Pelo menos 132 pessoas morreram na China depois de serem contagiadas com o novo coronavírus que obrigou as autoridades chinesas a fechar o acesso a 20 cidades e a colocar em quarentena cerca de 56 milhões de pessoas.

Em todo o mundo, já são mais de seis mil casos confirmados, sendo que 5.974 pessoas foram contaminadas na China.

Segundo dados oficiais divulgados esta quarta-feira, o número de infeções causadas por esta pneumonia viral excedeu o da epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que teve origem na China, entre 2002 e 2003, e matou 774 pessoas em todo o mundo.

 

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu esta segunda-feira ter cometido um erro na divulgação do risco global do vírus.

De acordo com a agência de saúde da Organização das Nações Unidas, o risco global é "alto", e não "moderado" como havia sido informado anteriormente.

Mas afinal o que é o coronavírus? Quais são os sintomas? Quão perigoso é? Reunimos algumas perguntas e respostas essenciais sobre o que se sabe, até ao momento, sobre esta pneumonia viral.

 

O que é o coronavírus?

Segundo a Organização Mundial de Saúde, os coronavírus pertencem a uma família de vírus que provocam doenças que vão desde uma constipação comum até enfermidades como o Síndrome Respiratório do Médio Oriente (MERS), ou a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).

Estes tipos de vírus eram originalmente transmitidos entre animais e pessoas. O contágio do SARS, por exemplo, deu-se através do contacto entre humanos e gatos civeta, enquanto que a epidemia do vírus MERS foi difundida por um tipo de camelos.

 

 

O nome coronavírus vem da palavra em latim ‘corona’, que significa coroa ou anel. Visto de um microscópio eletrónico, a imagem do vírus é semelhante a uma corona solar.

Inicialmente, as autoridades de saúde chegaram a pensar que não havia transmissão entre pessoas, até surgir o primeiro caso de transmissão entre marido e mulher. 

Um especialista do governo chinês em doenças infecciosas informou que foi dado como provado que o vírus é transmissível entre humanos.

 

Quais são os sintomas?

Segundo a OMS, os sintomas de contaminação pelo coronavírus incluem febre, tosse, falta de ar e dificuldades respiratórias.

Em casos mais graves, pode causar pneumonia, falhas renais e morte.

O período de incubação do coronavírus ainda é desconhecido, mas algumas autoridades crêem que se situará entre os 10 e os 14 dias.

 

Quão letal é o vírus?

Até ao momento, foram reportadas 132 mortes devido ao vírus na China. No entanto, as autoridades acreditam que o novo coronavírus não é tão perigoso como o SARS que, entre 2002 e 2003, matou cerca de 800 pessoas em todo o mundo. Só na China morreram mais de 300 doentes contaminados.

Ainda assim, esta quarta-feira as autoridades de saúde chinesas anunciaram 5.974 casos confirmados de contaminação na China continental.

 

Porque é que muitas destas infeções surgem na China? 

O pneumologista Filipe Froes explica que na China existe ainda uma “proximidade e promiscuidade grande” entre animais e pessoas, com convivência muito próxima e com muitos locais a vender animais vivos para consumo humano.

No caso dos coronavírus, para o vírus passar a barreira da espécie, é necessária uma elevada carga viral e uma grande proximidade entre animais e pessoas.

 

 

Na terça-feira, três pessoas foram diagnosticadas com o novo coronavírus na Alemanha.

Os três infetados são colegas de trabalho na mesma empresa onde foi identificado o primeiro caso de coronavírus. Alemanha é o segundo país afetado da Europa, depois de França.

Além do território continental da China, de França e Alemanha, também foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália e Canadá.

 

O que se está a fazer para controlar o surto?

Ainda não foi criada uma vacina para o novo coronavírus. No entanto, a equipa chinesa que está a trabalhar para o seu desenvolvimento disse, esta segunda-feira, que espera poder começar os testes em menos de 40 dias.

A farmacêutica norte-americana Johnson & Johnson também começou a desenvolver uma vacina, embora os prazos indicados pelo chefe da sua equipa científica, Paul Stoffels, sejam bastante menos otimistas.

Stoffels referiu que poderá ser necessário um ano para o produto chegar ao mercado. 

 

Depois de a cidade de Wuhan ter sido posta em quarentena, também a vizinha Huanggan, com 7,5 milhões de habitantes, e a cerca de 70 quilómetros de distância, está sob vigilância apertada, nomeadamente através da suspensão dos transportes públicos, encerramento de cafés, cinemas e do mercado central de modo a conter a propagação do coronavírus.

Mais de uma dezena de outras cidades chinesas adotaram restrições nos transportes, afetando cerca de 56 milhões de pessoas.

Várias companhias aéreas, como a United Airlines e a British Airways, cancelaram voos para a China.

 

Muitos aeroportos internacionais introduziram medidas de triagem e vários países estão a evacuar os seus cidadãos de Wuhan.

As autoridades na cidade de Wuhan, na China, começaram a construir dois hospitais que deverão acolher pelo menos 1000 doentes infetados pelo surto de pneumonia viral. um dos hospitais, com 25 mil metros quadrados, será construído em tempo recorde, estando prevista a inauguração no dia 3 de fevereiro.

 

 

 

Novo hospital em Wuhan construído em tempo recorde (Lusa/EPA)

 

 

Há casos em Portugal?

Até ao momento, não foram detetados casos de pacientes contaminados com o novo coronavírus. No entanto, o bastonário da Ordem dos Médicos reafirmou, em entrevista à TVI,  a sua confiança nos hospitais portugueses em dar uma resposta adequada à situação. Algumas unidades de saúde estão “devidamente preparadas para este tipo de situações”, no entanto, para o bastonário, o importante é não deixar o vírus chegar a Portugal.

É importante que o Governo conseguisse trazer os portugueses para o nosso país”, insistiu. “Há muita intranquilidade, por parte de quem está no epicentro do fenómeno, em Wuhan”, disse o bastonário, Miguel Guimarães.

 

 

 

Quantos portugueses vão ser retirados da China?

No epicentro do surto do coronavírus, em Wuhan, vivem 20 cidadãos portugueses. Pelo menos 17 pediram para deixar o país devido ao surto do novo coronavírus. Deverão viajar num voo disponibilizado pelo mecanismo europeu de proteção civil. 

À chegada a Portugal, são aconselhados a ficar em casa durante o período de incubação do vírus.

 

 

Entretanto, em conferência de imprensa em Bruxelas, o comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarčič, indicou que, “até ao momento, um total de quase 600 cidadãos da UE manifestaram o seu desejo em sair da China” em ações de repatriamento.

Sem precisar quantos cidadãos de cada país estão em causa, Janez Lenarčič disse apenas que se trata de nacionais da Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Espanha, Finlândia, França, Itália, Letónia, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia e Reino Unido.

A TVI falou com um grupo de portugueses que faz parte da equipa técnica do clube Hubei Chufeng Heli, da segunda liga chinesa, e que se encontra retido na cidade de Wuhan. Luís Estanislau, treinador adjunto do clube, contou quais as principais dificuldades e desafios da população.

 

 

Aquela cidade com 11 milhões de pessoas, com muita gente, muita confusão, muito barulho, já não era assim. De facto, as pessoas sentem uma preocupação enorme", contou Luís Estanislau, sublinhando que quem vive em Wuhan só quer garantir que não falta comida em casa, o que não se tem revelado nada fácil.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta terça-feira estar a acompanhar a situação relacionada com o novo coronavírus e adiantou que, até agora, a comunidade portuguesa na China “ainda não foi atingida”.

 

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